Ferramenta utilizada por gestores e organizações, o teste
ortográfico representa um dos mecanismos mais recorrentes nas fases iniciais
dos processos seletivos de pequenas, médias e grandes empresas no Brasil. O
Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) fez uma pesquisa durante todo o ano de
2015. Foram 8.208 candidatos e todos precisaram mostrar seu conhecimento quanto
à língua portuguesa. O resultado chama atenção para um triste cenário dos
futuros profissionais do mercado.
O teste foi aplicado na forma de ditado, com 30 palavras do
cotidiano, como “exceção”, “textura”, “artificial”, “autorizar”, “licença”,
“desperdício” e “sucesso”. Era considerado reprovado quem cometesse mais de
sete erros. No total, 3.111 candidatos (37,9%) foram eliminados. O coordenador
de seleção do Nube, Erick Sperduti, alerta para um detalhe importante: as
facilidades tecnológicas nem sempre apresentam, na prática, os benefícios
imaginados em teoria.
– As pessoas escrevem e até se comunicam mais por meio dos
aplicativos de mensagens. Entretanto, a cada palavra digitada, o celular vai
corrigindo. Quando o jovem precisa mostrar seu conhecimento com uma caneta e um
papel, ele mostra sua fragilidade e barreiras com a língua – analisa o gestor.
Um recorte da pesquisa traz as mulheres com melhor
desempenho, porém ainda longe do ideal: 34,52% não passaram. Já entre os
homens, o número foi maior: 41,34%. Na sequência, um dado merece atenção: os
mais novos, com idade entre 14 e 18 anos, apresentaram o pior resultado, com
60,16% de desclassificados. O índice também é alto nas outras faixas, entre 19
e 25 anos (37,27%), de 26 a 30 anos (40,61%) e acima de 30 anos (39,53%).
Entre os cursos, também foram divididos aqueles com melhores
e piores índices. Os alunos mais reprovados são de Design (73,50%), Sistemas de
Informação e Computação (53%), Publicidade (46,60%), Administração (38,20%) e
Jornalismo (34,30). Na outra ponta, com maior aprovação, estão Turismo
(96,70%), Economia (82,93%), Direito (82,60%), Psicologia (76,70%) e Engenharia
(73,50%). “Surpreende o fato de os jovens da graduação ainda registrarem erros
graves na escrita. Nessa primeira etapa de seleção, muitos são excluídos por
terem pouca intimidade com as palavras”, analisa Sperduti. Segundo o especialista,
“é comum alunos apresentarem melhor desempenho no ‘badalado’ segundo idioma e
pecarem ao escrever palavras do dia a dia”.
Para fechar as estatísticas, agora no âmbito da aprovação,
destacam-se os seguintes cursos na categoria Superior Tecnólogo: Eventos
(89,47%), Gestão Comercial (84,38%), e Gestão Empresarial, com 75%. Já no
segmento do nível Médico Técnico, 73,91% dos estudantes da área de Logística
obtiveram êxito na fase dos ditados.
– O desafio para os profissionais esperados pelo mercado não
é apenas ganhar o diploma, mas também mostrar domínio da nossa língua –
esclarece Sperduti.
Logo, “a prática de leitura e, principalmente, exercitar a
escrita é um bom exercício para aprimorar a linguagem e não perder boas
oportunidades na carreira”, finaliza o especialista.
Fonte: Monitor Mercantil